terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Alegoria da Caverna

A condição do homem que não busca a sabedoria é a mesma daqueles que criados desde a infância no fundo de uma caverna, onde agrilhoados, são obrigados a olhar constantemente para uma parede, que por receber um pouco de baça luz, mostra-lhes os contornos do mundo externo, sombras esmorecidas que lhes mostram formas diversas de um mundo sombrio e sem vida, esta passa a ser a sua realidade, onde imagens que transmitem uma realidade ilusória passam a ser a única realidade.
Mas escapando um dos que se encontram naquela realidade sombria, arrastando-se pra fora com os pés e braços feridos, pois fugir dos grilhões é necessário não se reder a dor de seus membros descarnados pelas suas inúmeras tentativas, tentativas de saber o que se passa fora da caverna, de ver o mundo, se é semelhante a aquele universo que ele já viu durantes anos.
Chegando a boca da caverna, tal homem é obrigado a encobrir os olhos, pois uma “força” queima seus olhos, uma espécie de calor que fere, surge o ímpeto, ou talvez instinto, de retornar ao seu antigo modo de vida, mas de costas ele espera, espera talvez for consumido por aquilo que não conhece, pois conhece de onde vem, sabe que só o frio o aguarda e aquela parece que há tanto tempo conhece tão bem. Preferi o que vem a seguir, não importa o que lhe aconteça, pois queria ter certeza do que vinha, entender murmúrios que sempre ouviu e nunca compreendeu.
Ainda de olhos semi-serrados, de costa para aquela luz que o castiga, com o rosto marcado por um fino caminho em meio à poeira de sua face, a prova de que uma lágrima ali correu. Vendo que nada acontecia, e que seus olhos pouco a pouco deixavam de doer, vira-se lentamente, esperando ver a tão embotada paisagem que vislumbrava durante anos no fundo da caverna. Saber por tudo era feio e contorcido e os sons, os sons que lhe chegavam ao ouvido, sim, agora que ele tinha parado para escutar, os sons eram diferentes, eram melódicos, harmônicos e cheios de... ...vida. Sua expectativa aumentou, ele queria desesperadamente ver o que era aquilo que ouvia, depois de algumas tentativas, ele consegue.


Seus braços pendem ao lado do corpo, vê uma outra paisagem, senti o doce aroma no ar de frutas silvestres e vê algo que ele considera sagrado, que lhe é familiar, ele vê... ...uma parede, que exposta à luz se torna bela, não ousando comparar com aquela coisa grotesca e fria que sempre vislumbrou no fundo da caverna. Aquilo para ele é uma imagem forte, pois sabe que poderia passar horas olhando para aquela parede, pois ela lhe parecia a sua recompensa, recompensa pelo seu sofrimento, lágrimas corriam de seu rosto, ao se lembrar das críticas de amigos e parentes, “esse é o nosso mundo, nossa vida esta aqui, não tem nada demais lá fora!”. Para ele aquela parede era a perfeição e ficaria ali durante horas, embevecido por aquela visão, aquele ar doce e agradável se outro som baixo, borbulhante não chamasse sua atenção. Não queria deixar sua nova parede, pois era a sua descoberta, sua recompensa por longos anos de privação desta visão.
Ouviu mais sons, alguns eram estranhos, ou belos e isso lhe deixou curioso, deixou sua adoração de lado, pedindo perdão por ter que sair, pois nada deveria ter mais importância que a “verdadeira parede”. ““ Seguindo o som, percebeu que se passava tudo atrás do muro, que era enorme, “lógico” pensou nosso homem "tudo que é perfeito deve ter grandes proporções”. Escalou o muro com dificuldade, mas precisava saber o que se passava do outro lado do muro. Deve ter sido uma surpresa imensa, pois quase caiu, desceu, sem palavras estacou no chão e caiu de joelhos, queria chorar, mas ao perceber que a luz não era a perfeição, que o muro o acabara de ser e aquela paisagem esplêndida poderia também não o ser, percebeu o que perdia cada vez que se devotava a coisas finitas e que tinham sim uma perfeição, mas não era a absoluta, que se andasse um pouco mais, veria algo mais belo, que o deixaria embargado de felicidade, que deveria haver um Ser maior, do qual tais maravilhas provinham, queria agora ver este ser, não tem por que descrever o que ele viu naquele momento, pois percebeu, pela primeira vez que fazia parte de algo maior.
Explorou quanto pode daquela planície rica em alimentos e bela em sua diversidade de vida, sem perder jamais o muro de vista, pois, ao perder sem encanto divino não deixou de ser um ponto de referência para ele se guiar, saber que sempre haverá coisas mais belas neste mundo que o emudeça,

Voltou enfim ao muro, que depois de alimentado pulou sem dificuldade, ainda estava levando um cestinho, no qual ele próprio tinha trabalhado. Queria levar algumas iguarias com ele, pois tinha família e amigos naquele horrível lugar que um dia chamou de lar. Passando pelo lugar percebeu pela primeira vez seu mal-cheiro, não acreditava que podia ter vivido num lugar como aquele, queria tirar todos daquele lugar, daquele “buraco” a ânsia que deveria impeli-lo para traz o forjou o propósito que o impulsionou a seguir em frente.
Com um vigor que nunca tinha sentido, chegou rápido por um caminho que levou horas para cruzar. Chegou ao fundo deu as boas novas a sua família, com promessas de fartura e uma vida melhor, mas ao contrário de suas expectativa foi tido como envenenado por um cogumelo alucinógeno. E não foi só sua família, nenhum deles quis sequer tocar nos alimentos frescos que trazia, pois era a origem de tal mau, de sua loucura.
Indignado o homem, subiu na conhecida parede sem temor e apregoou tudo o que viu e ouviu, mas foi, mais uma vez ignorado e quase agredido pelo povo. Quando estava pronto a partir sozinho e deixar seu povo naquele mundo de escuridão, surgiram alguns jovens, discretamente o cercaram e pediu que lhes falassem mais daquela terra e o Filósofo, como passou a ser conhecido desde então, fez sua escolha.

Conceitos modernos do conto de Platão.

A parábola narra a aventura pessoal de todo àquele que ingressa na jornada à procura da verdade, o qual recebe o nome de filósofo (Filo: Amor; Sophia: Sabedoria.). Dos sacrifícios envolvidos nesta busca, onde não podemos ter apegos materiais, pois isto limita nossa “visão” do “Todo”. Platão acreditava que era dever do filósofo enriquecer a cultura do Estado e é o dever deste, governar o povo, pois um Estado deve ser governado com a Razão.
Trazendo esta Parábola para o mundo dos negócios, ela nos diz que não devemos nos basear nas aparências das coisas, mas sim, no seu aspecto real. Devemos confirmar todas as informações que recebemos e comparar com as Tendências do Mercado, pois ele rege o sucesso, a fortuna. Nossos passos devem acompanhar as novas fórmulas, aquelas que são criadas de nossa necessidade enquanto empresa, jamais em velhas fórmulas, pois tenderemos a fracassar neste mercado “mutante” que sempre nos dá novas portas de prosperidades e fechas as antigas.
“A necessidade é a mãe de todas as invenções!”
Frase atribuída a Platão.